sábado, 22 de outubro de 2011

Sindicatos portugueses convocam greve geral para 24 de Novembro.



Os dois principais sindicatos portugueses fixaram para 24 de novembro a realização de uma greve geral para protestar contra as medidas de austeridade do governo, anunciou nesta quart-feira um dirigente sindical.
A decisão de convocar uma greve geral foi adotada em uma reunião dos líderes das duas principais centrais sindicais, Manuel Carvalho da Silva, da CGTP, e João Proença da UGT.
O governo apresentou na segunda-feira um orçamento muito rigoroso para 2012, que prevê a supressão temporária dos pagamentos extras para funcionários públicos e pensionistas com rendas superiores aos 1.000 euros e o aumento da jornada de trabalho no setor privado.
Este aumento das medidas vai provocar uma contração da economia da ordem de 2,8% do PIB em 2012 depois de 1,9% este ano. O desemprego deve alcançar 12,5% no final do ano e superará os 13,4% no próximo, segundo estimativas do governo.
Os sindicatos decidiram a data de 24 de novembro porque a última greve foi realizada neste mesmo dia, há um ano.
O movimento acontecerá alguns dias antes da votação do orçamento de 2012 pelo Parlamento.




Futura revisão da troika anima banca portuguesa





Há no sistema financeiro português a expectativa de que a próxima revisão do programa de assistência ao país, em meados de Novembro, traga boas notícias.
A ideia, segundo banqueiros ouvidos pelo SOL, é que a troika reconheça valor nas medidas adoptadas pelo Governo, nomeadamente, na área do Sector Empresarial do Estado (SEE), para estancar custos e o descontrolo de gestão. E isso pode fazer com que a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) aceitem o adiamento do cumprimento de medidas contidas no programa da assistência, ou renegociar prazos do ajustamento orçamental, atrasando, por exemplo, a meta para o défice por mais um ano ou dois.
O Plano Estratégico dos Transportes, que implica a fusão de várias empresas públicas, é um dos trunfos apontados por uma das fontes, que realça a elevada exposição a que os bancos portugueses têm estado sujeitos, sobretudo nos últimos meses.
As instituições financeiras que mais apoio têm dado ao SEE nos últimos meses, no seguimento do repto do Governo, são a CGD, o BCP, o BES e, menos, o BPI, apurou o SOL. O Santander Totta tem exigido mais contrapartidas por ter origem estrangeira.
A própria troika, segundo relata outro banqueiro, já se terá dado conta de que pode ter cometido um erro de apreciação quando o programa foi desenhado, tendo descurado o SEE. Neste processo, aponta, o sistema financeiro quase não foi ouvido pelos credores externos.
A renegociação do programa de assistência externa poderá ser feita de várias formas, mas duas estão praticamente descartadas: o reforço financeiro do pacote para além dos 78 mil milhões de euros, ou a existência de um segundo programa, como sucedeu na Grécia, diz fonte próxima da troika.
A canalização de mais verbas para Portugal seria uma medida politicamente difícil de tomar em Bruxelas no seio da actual crise da Zona Euro, onde a recapitalização da banca europeia, a reestruturação da Grécia e evitar o contágio à Itália e a Espanha são prioridades. A reacção imprevisível dos mercados ao envio de mais dinheiro a Portugal é outro factor de impedimento, refere.
Segundo a mesma fonte, Bruxelas e o FMI quererão encontrar um ‘ponto de equilíbrio’ que permita uma consolidação orçamental, mas cuja a dimensão da austeridade não ameace «parar» a economia e o país, como sucedeu na Grécia.
Mantendo-se o nível de austeridade, o ‘alívio’ dos prazos de consolidação orçamental geraria receitas extra necessárias para capitalizar as empresas públicas, por exemplo, e pagar as dívidas à banca – sob maior pressão desde que os estrangeiros cortam no crédito ao SEE.
O FMI já se mostrou disponível para flexibilizar regras em prol do crescimento da economia – por exemplo, aceitar medidas extraordinárias em 2012 – e em Bruxelas existe a noção crescente de que Portugal poderá não cumprir as metas orçamentais já em 2011 – o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, disse-o esta semana – e que será necessário suavizar os prazos do programa para este ter algum sucesso.

Economista diz que Portugal pode não conseguir recuperar do impacto das medidas de austeridade


O economista e director da Escola de Saúde Pública, João Pereira, manifestou-se, esta sexta-feira, seriamente preocupado com a possibilidade do país não conseguir recuperar economicamente do impacto das medidas de austeridade.
"A forma como está a ser feito, ao termos um orçamento que parece que vai bastante além daquilo que tinha sido acordado no memorando da troika, deixa-me sérias preocupações de que poderemos chegar a uma situação de que não conseguiremos recuperar do ponto de vista económico", disse, numa entrevista à Lusa.
Numa análise global ao Orçamento do Estado para 2012, João Pereira admitiu que "ninguém tem dúvidas de que "era necessário um orçamento rigoroso" porque "Portugal estava a precisar de rigor nas finanças públicas há vários anos".
Apesar de reconhecer a necessidade dos cortes, lamentou que não existam "medidas suficientes que permitam dar vida à economia em termos de recuperação" e considerou que o aumento proposto de meia hora de trabalho no sector privado não vai aumentar a produtividade.
Para João Pereira, "não há um sinal claro de medidas estruturais, que seriam particularmente necessárias para o desenvolvimento económico", e como exemplo aponta o caso do sector justiça, que terá sofrer reformas.
"Precisamos de mudar radicalmente o nosso sistema de justiça, que não permite o crescimento económico. Precisa de ser muito mais célere para haver condições para o desenvolvimento económico", explicou.
Segundo João Pereira, a aplicação sucessiva de restrições orçamentais vai provocar grande desmotivação, levando mesmo ao aumento da emigração.
"Vamos ter milhões de trabalhadores e famílias altamente desmotivados, o que não é propriamente uma boa situação se queremos retomar o crescimento económico", disse, acrescentando: "Suspeito sinceramente que isto possa levar a dificuldades não durante um, dois ou três anos, mas pelo menos uma ou duas décadas".

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Medidas de austeridade levam Portugal a nova recessão em 2011


A economia portuguesa vai voltar a recuar no próximo ano, segundo as previsões do FMI. A recessão vai atingir 1,4% e o número de desempregados vai continuar a aumentar.
Portugal não tem escolha: o corte no défice é mesmo para fazer já e a consequência será o regresso à recessão. Se as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo para o Orçamento do Estado para 2011 chegarem ao terreno, a economia vai recuar 1,4%, avisou ontem o FMI, na apresentação do World Economic Outlook.
Perante uma sala cheia de jornalistas dos quatro cantos do mundo, Jörg Decressin, director assistente do departamento de research do FMI, explicou que as medidas de consolidação orçamental anunciadas mais por José Sócrates - como o corte de salários da função pública ou o novo aumento do IVA para 23% - ainda não foram consideradas nas estimativas inscritas no relatório. É por isso que o documento ainda diz que no próximo ano a economia portuguesa vai estagnar.
"Mas se introduzirmos as medidas, a economia entrará em recessão, prevendo-se uma queda de 1,4% do PIB", concretizou o director. É que a estratégia anunciada terá "um efeito grande", uma vez que representa "cerca de 3% do PIB português", adiantou. Portugal ficará assim em contra-ciclo com a zona euro (que deverá crescer 1,5%) e apenas acompanhado pela Grécia na má performance (que deverá contrair 2,6%).
Ainda assim, e ao contrário do que acontece com outros países europeus, Portugal não tem outra opção. É certo que Olivier Blanchard, director do departamento de ‘research' do FMI, defendeu que "os governos devem revisitar os seus planos de consolidação orçamental se o crescimento se revelar mais fraco do que o previsto", mas no caso de Portugal o conselho não se aplica. "Portugal está sob muita pressão e por isso aplaudimos a decisão do Governo", explicou Jörg Decressin.

Código do Trabalho - Alterações pela Lei 53/2011, de 14/10


Alterações ao Código do Trabalho - Lei n.º 53/2011, de 14 de Outubro


Foi publicada no dia 14 de Outubro a alteração ao Código do Trabalho que estabelece um novo regime jurídico relativo às compensações por cessação do contrato individual de trabalho.
Estas alterações surgem na sequência das recomendações da Comissão Europeia e Fundo monetário Internacional no sentido de o Estado reformar de modo mais profundo o mercado laboral, nomeadamente reduzindo aquelas compensações, actualmente das mais altas praticadas na Europa.
Em causa está a cessação do contrato nos seguintes casos:
a) cessação do contrato de trabalho em comissão de serviço;
b) resolução do contrato de trabalho pelo trabalhador em caso de transferência definitiva de local de trabalho que lhe cause prejuízo sério;
c) caducidade de contrato de trabalho temporário ou a termo;
d) caducidade do contrato de trabalho por morte do empregador, extinção de pessoa colectiva ou encerramento de empresa;
e) despedimento colectivo;
f) despedimento por extinção do posto de trabalho;
g) despedimento por inadaptação.

Aos contratos celebrados até à entrada em vigor da nova lei (1 de Novembro de 2011), em qualquer uma destas situações, à excepção da da caducidade do contrato a termo, o trabalhador tem direito a uma compensação calculada nos termos do disposto no Art.º 366.º do Código do Trabalho: compensação correspondente a um mês de retribuição de base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade ou fracção (calculando-se proporcionalmente a parte correspondente a fracção de ano).
Dispõe ainda o n.º 2 daquele Artigo que a compensação nunca poderá ser inferior a 3 meses de retribuição de base e diuturnidades.
No caso de caducidade de contrato a termo por comunicação do empregador, o trabalhador tem direito a compensação correspondente a três ou dois dias de retribuição de base e diuturnidades por cada mês de duração do contrato, consoante esta não exceda ou seja superior a seis meses, respectivamente.

A nova Lei prevê alterações significativas a estas regras:
  1. Vinculação do empregador a um “fundo de compensação do trabalho”, que o próprio financiará (em moldes ainda por definir);
    1. Redução do valor das compensações para 20 dias de retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade (ou fracção de ano), a pagar pelo empregador e pelo fundo, nos termos a definir em legislação própria;
    2. Limitação da compensação a 12 vezes a retribuição base mensal e diuturnidades auferidas pelo trabalhador, com um limite máximo equivalente a 240 vezes o valor da retribuição mínima mensal garantida;
    3. Eliminação da garantia de compensação mínima igual a três meses de retribuição de base e diuturnidades.
As novas regras aplicar-se-ão apenas aos contratos de trabalho celebrados após a sua entrada em vigor;Enquanto não estiver constituído o fundo de compensação do trabalho, ou o empregador a ele não estiver vinculado, nos termos a regular por legislação própria, compete-lhe exclusivamente o pagamento integral da compensação.A ter em conta ainda o seguinte:

São em traços gerais estas as alterações da  Lei n.º 53/2011, de 14 de Outubro, ao Código do Trabalho aprovado pela lei 7/2009, de 12 de Fevereiro (com as alterações introduzidas pela  Rectificação n.º 21/2009, de 18/03 e pela Lei n.º 105/2009, de 14/09), em vigor a partir do próximo dia 1 de Novembro de 2011 (à excepção das normas relativas ao fundo de compensação do trabalho, que só entram em vigor na data do início da vigência da legislação respectiva).

segunda-feira, 17 de outubro de 2011



Portugal tenta sair da crise com rígido orçamento para 2012


Governo aumentou a previsão de recessão e de desemprego para o próximo ano e anunciou novos cortes

Crise de Dívida Pública em Portugal

O governo português acredita que em 2012 a economia cairá em 2,8%, seis décimos a mais do que o esperado até agora, e o desemprego aumentará em até 13,4%.



O ministro das Finanças de Portugal, Vítor Gaspar, divulgou estas previsões - as mais pessimistas da história recente do país - durante a apresentação do Orçamento para 2012, que inclui o plano de ajuste mais duro das últimas décadas.
Contudo, as medidas mais polêmicas já tinham sido reveladas pelo primeiro-ministro, o conservador Pedro Passos Coelho, que anunciou o corte dos pagamentos extras aos trabalhadores, funcionários públicos e aposentados que ganham mais de 1 mil euros mensais e o aumento não remunerado da jornada diária de trabalho em meia hora no setor privado.
Este plano de ajuste fez com que os principais sindicatos do país decidissem nesta segunda-feira convocar uma greve geral, cuja data será divulgada ainda esta semana em meio a um crescente clima de contestação social.
Gaspar analisou a situação econômica do país, que deve de cumprir um rígido programa de reformas para receber os 78 bilhões de euros do resgate financeiro internacional, e justificou as duras medidas com o objetivo de cumprir as metas de redução do déficit: 5,9% neste ano e 4,6% no próximo.
O ministro explicou que o país não tem a opção de não cumprir com essas metas porque 'as consequências serão devastadoras', e que Portugal 'quase não tem acesso' ao financiamento nos mercados. Ele também informou que a rigidez das medidas fiscais se deve aos desvios orçamentários de 3,4 bilhões de euros registrados no primeiro semestre de 2011.
Resolver a situação econômica de Portugal, como lembrou Gaspar, é fundamental não só para o país, como para toda a Europa. Por isso, o orçamento de 2012 contempla uma alta do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) em vários produtos e serviços de 13% para 23%.
Além disso, o orçamento conta com uma redução das deduções fiscais, um aumento na idade mínima de aposentadoria para 57 anos e uma queda das transferências de fundos estatais para os municípios e as regiões autônomas.
O documento apresentado nesta segunda-feira será votado no Parlamento em novembro, quando se acredita que será aprovado pelo Governo conservador com maioria absoluta na Assembléia, e posteriormente assinado pelo presidente Aníbal Cavaco Silva para que entre em vigor.

sábado, 15 de outubro de 2011


Novas medidas de austeridade "pioram e não resolvem" dificuldades da economia"


O secretário-geral da Juventude Socialista (JS), Pedro Alves, afirmou hoje que as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, sendo "particularmente gravosas para a economia", vão "piorar a situação do país muito mais do que resolvê-la".

Em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada, no início de uma reunião da direção da Organização de Jovens Socialistas Europeus (ECOSY), o dirigente da JS sustentou que o que tem visto, nos últimos tempos, é que "por mais austeridade seja imposta não só não geramos crescimento económico nem oportunidades para o emprego como estamos a alimentar uma bola de neve que não tem solução".
Na Zona Euro, e agora mais em Portugal, tem-se vindo a olhar "a economia como subordinada a uma lógica de mercado, como se o mercado funcionasse com lógica e não houvesse necessidade de uma intervenção que o corrigisse", acrescentou Pedro Alves.
Embora reconhecendo como "inegável" que o país precisa de "refinanciar a economia" e, daí, a necessidade do acordo de assistência financeira externa, o secretário-geral da JS sublinhou importar "ultrapassar esta etapa" e provar que "vale a pena".
"Para criar emprego e emprego jovem não se pode recuar na dinamização da economia e apostar em áreas em que se tem feito investimento ao nível das qualificações", considerou, destacando a importância de investimentos em energias renováveis e no setor tecnológico.
Pedro Alves advertiu ainda que "sem que se perceber que a economia tem de crescer e sem que haja apoios ao crescimento económico, que é o que tem falhado quer na zona euro quer agora em Portugal, com as novas medidas anunciadas pelo Governo, de pouco servirá estarmos a pensar em estratégias para o emprego".
Da agenda da reunião, hoje, em Ponta Delgada, da direção da ECOSY, que agrupa cerca de 40 organizações de jovens socialistas europeus, fazem parte encontros com o reitor da Universidade dos Açores e com o secretário da Presidência do Governo Regional.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

«Medidas de austeridade são uma bomba de napalm», diz DECO


Uma bomba de Napalm para os mais pobres e uma bomba de destruição da classe média é como o secretário-geral da DECO, Jorge Morgado, qualificou hoje as medidas de austeridades apresentadas pelo primeiro-ministro.
"Isto são medidas completamente brutais sobre a classe média, são bombas de destruição. Há estratos da classe média que estão em risco de deixar de o ser. E sobre os mais pobres são bombas de napalm, que não deixam nada. São situações dramáticas para os mais pobres e extremamente penosas para a classe média", afirmou à Lusa o secretário-geral da associação de defesa dos consumidores (DECO).
Jorge Morgado alertou para as classes que vão entrar em incumprimento com estas novas medidas, lembrando que muitas famílias compraram casa há uns anos sem poder prever que os seus rendimentos iam ser substancialmente reduzidos.
"É alterar as regras do jogo, ainda por cima sem medidas económicas que possam dar alguma esperança de que o crescimento económico vai aumentar", acrescentou, salientando que a situação é agravada por não se saber quanto tempo vão durar estas medidas. 
"Estamos num túnel sem ver a luz, ou melhor, num túnel que parece tornar-se cada vez mais escuro", afirmou, defendendo que estas medidas "estão a levar as pessoas para uma situação de depressão psicológica".
Sobre os subsídios de Natal e de férias dos funcionários públicos, que o Governo já anunciou que vão ser retidos nos próximos dois anos, Jorge Morgado afirmou: "Os 14 meses de salário por ano são fundamentais para a vida económica das famílias, para pagar despesas escolares, compromissos em atraso, seguros da casa e carro ou até repor eletrodomésticos que precisam ser substituídos. Sem isto, as pessoas ficam sem tábua de salvação".

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou na quinta-feira que as medidas do OE2012 visam garantir o cumprimento dos acordos internacionais, e que passam, entre outras, pela eliminação do subsídio de férias e de Natal para os funcionários públicos e pensionistas que recebem mais de mil euros por mês, enquanto durar o programa de ajustamento financeiro, até ao final de 2013.
Os vencimentos situados entre o salário mínimo e os 1000 euros ficarão sujeitos a uma taxa de redução progressiva, que corresponderá em média a um só destes subsídios.
As pensões acima do salário mínimo e abaixo de mil euros sofrerão, em média, a eliminação de um dos subsídios.
O chefe do Governo afirmou que há um desvio orçamental de 3 mil milhões de euros e anunciou também que o executivo vai reduzir o número de feriados e permitir que as empresas privadas aumentem o horário de trabalho em meia hora por dia, sem remuneração adicional.


Medidas de austeridade

Medidas de austeridade em Portugal estão a passar ao lado da imprensa internacional.
Os jornais espanhóis "online" são os únicos que estão a dar algum destaque aos cortes ontem anunciados por Pedro Passos Coelho.


O “abanão” sentido ontem em Portugal após o anúncio de algumas medidas de austeridade para o próximo ano, pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, está a passar despercebido em grande parte da imprensa internacional. À excepção da vizinha Espanha, onde é dado algum relevo ao assunto nos jornais online, os jornais dos restantes países estão a preferir dar destaque ao corte do “rating” da Espanha pela Standard & Poor’s.

O jornal “El País” é de resto aquele que mais destaque dá às medidas de austeridade com as quais os portugueses vão ter de viver nos próximos dois anos. “Portugal aumentará em meia hora o dia de trabalho e elimina dois pagamentos extra aos funcionários” é o título da segunda notícia do site espanhol. O jornal escreve a propósito destas medidas que “os portugueses começam já a notar as duras exigências do resgate económico”.
Com menos destaque, o “Cinco Días” diz que Portugal “elimina os pagamentos extra, aumenta o horário de trabalho e acaba com deduções fiscais” e também o “El Mundo” noticia as medidas.

Já a norte-americana CBS escrevia ontem à noite, após o anúncio em Portugal: “Governo português alerta para cortes severos, aumento de impostos”. Também ontem à noite o “Le Monde” fazia uma breve referência ao anúncio das principais linhas do Orçamento do Estado para o próximo ano.

As notícias que estão a deixar os portugueses a fazer contas à vida estão a ser destronadas nos sites internacionais pelo corte do “rating” da Espanha pela S&P e pela votação de mais uma moção de confiança em Itália que poderá ser fatal para o primeiro-ministro Berlusoni e para a sua coligação, obrigando à realização de eleições antecipadas em 2012.




Foi finalmente conhecido o memorando de entendimento entre o Governo Português e a Troika. Nele estão descritas as 34 medidas de austeridade que Portugal vai ter de implementar nos próximos anos. Fica a saber exactamente de que se trata.



  1. Acordo abre porta a subida dos bilhetes dos comboios
  2. Equipas especiais de juízes para processos fiscais acima de um milhão de euros
  3. Tabaco e automóveis com mais impostos
  4. Empresas vão poder pagar menos por horas extraordinárias
  5. Acordo impõe aumento da concorrência nas telecomunicações
  6. Corte na despesa com Saúde chega a 550 milhões de euros
  7. Bancos de horas negociados directamente com trabalhadores
  8. “Falsos” trabalhadores independentes passam a ter apoio no desemprego
  9. Subsídio de desemprego passa a ser declarado no IRS
  10. ‘Troika’ exige cortes na ADSE
  11. Despedimento individual por justa causa vai ser ajustado
  12. ‘Golden shares’ do Estado são para eliminar até Julho
  13. Taxas moderadoras aumentam e atingem mais portugueses
  14. ‘Troika’ quer incentivar arrendamento
  15. Portugal tem mais tempo para cortar défice mas não evita dois anos de recessão
  16. Novo aeroporto sem fundos públicos e TGV Lisboa-Porto suspenso
  17. ‘Troika’ quer aumentar IVA na factura da electricidade
  18. Menos oito mil funcionários públicos por ano
  19. Patrões descontam menos para a segurança social
  20. Proprietários de casa serão penalizados com mais IMI
  21. Mais cortes na Transtejo e no Metro de Lisboa colocam serviços em risco
  22. BPN será vendido até Julho e não tem preço mínimo
  23. Governo tem 12 mil milhões para injectar nos bancos
  24. Desempregados só vão ter subsídio durante 18 meses
  25. TAP, EDP e REN para privatizar na totalidade este ano
  26. Redução de pessoal no Estado é para continuar
  27. Pensões acima de 1.500 euros vão ser cortadas
  28. Acordo não prevê redução de salários nem corte nos subsídios de férias e Natal
  29. Troika cobre 100% das necessidades de financiamento em 2011
  30. Objectivo do défice para 2011 fixado em 5,9%
  31. CGD deve aumentar capital com recursos próprios
  32. ‘Troika’ quer definir critérios específicos para extensão de portarias
  33. Eliminação de serviços gera poupança de 500 milhões
  34. Empresas do Estado têm que poupar 515 milhões de euros